Comentário de Lucas 12,35-38
Que são dias, horas, minutos, segundos e milésimos deles? Quem poderá dizer que Deus conta horas, que está com um relógio no braço esperando o momento propício para enviar à terra o seu Filho para julgá-la? O que é o tempo? O que são passado, presente e futuro? Que é a memória humana?
Quem procura justificar a temporariedade é a velhice do homem, a decadência justifica sua existência, de tal forma que o próprio homem estuda a imortalidade mas não a eternidade, estuda meios de tornar exatos os segundos e milionésimos sem poder saber o que é o agora. Estuda meios de tardar a morte que para ele é fim do tempo.
O convite que Jesus faz aos seus discípulos, de ficarem à espera do seu Senhor, como um servo que espera seu amo, que virá de um festa sem hora prevista é convite a um estado. É como se fizesse-os penetrar no mistério de Deus que não dorme e não calcula tempo. Não há tempo, nem vigília, nem hora certa, na verdade a incerteza da hora imprime caráter de indisposição às vicissitudes temporárias, a hora imprevista não é acidente é mistério. O Deus do eterno agora, não se adianta ou se atrasa, o imprevisível é calcular o tempo de quem não vive a efemeridade do finito, mas que rasga as horas calculáveis se inserindo nelas e transcendendo-as.
Há uma revelação de perenidade celestial nessas exortações de Cristo, a noite que a todos assombra é passagem enquanto a vigília é estado, estar acordado é ser virtuoso até quando falham os sentidos ou quando se cansa o corpo pelo excesso do trabalho. O que espera para além do lugar, do espaço do tempo. A espera transcende o limite impostos pelo tempo como também os sentidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário