Comentário sobre Lucas 10,1-4
Que discípulo sábio, que homem inteligente, que pessoa ousada! Seu pedido é o pedido de todo homem que mesmo fora de si deseja conhecer a Deus. Esse pedido, essas palavras, são tão cheias de desejo que não podem deixar de ser atendidas pelo Mestre. Os homens não sabem rezar, só Cristo é o modelo da verdadeira oração, quão bela sua comunhão com o Pai que também ela desejaram os seus discípulos. Imagino que no pedido desse discípulo anônimo está o desejo de se assemelhar não aos discípulos de João, mas viver como ele uma experiência de unidade com o Pai. Penso eu que era tão bela a maneira com que Jesus orava ao Pai que os seus discípulos desejaram-na. Ensina-nos o Christós, ensina-nos, pois que nossa oração é frágil, somos tão voltados a nós mesmos que não sabemos como nos dirigir a Deus. Esse pedido também demonstra um tipo de insatisfação, não creio que os discípulos, por serem judeus, não tivessem uma vida piedosa e cumpridora de preceitos, esse pedido revela que o cansaço, a fadiga da oração incoerente já lhes era funesta, daí brota um pedido ao Mestre, ensina-nos… Continuo extasiado vendo a beleza dessa súplica que prontamente é atendida, pois não hesita Jesus em logo lhes ensinar sua forma de oração com um ato ousado: chamar Deus de Pai!
Quem conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar? Que Filho tão solícito que sem ciúmes algum nos dá a conhecer o amor do seu Pai, que não esconde aos pequeninos, mas que se guarda contra os sábios e soberbos do mundo, contra aqueles que rejeitam o seu Pai. Que Filho este que dá, mesmo a bastardos, a possibilidade, o poder, pelo acolhimento dele mesmo a filiação Divina. Ensina-nos a orar, pois estamos cansados, oração virou trabalho, vida mística se transformou em superstição, amizade em libertinagem, e estar na casa do teu Pai um negócio lucrativo. Ensina-nos, Senhor, a orar! Pois muito do que pensamos sobre o teu Pai, nosso Pai, não é coerente com o que nos revelaste, e oramos conforme nossas tendências, e pensamos que nossa oração é boa, justificamos nossa consciência dando pão aos pobres, saúde aos doentes, mas sem a paz no nosso íntimo, cheios de dubialidade fazemos do teu Pai um ídolo diante de quem nos prostramos pensando render a verdadeira adoração.
Senhor, ensina-nos a orar!
Nenhum comentário:
Postar um comentário